Resenha: Delírio

Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?

Delírio é o primeiro livro distópico da trilogia que leva o mesmo nome. Num futuro não tão distante, o amor se tornou uma doença. O governo americano trabalha arduamente para erradicar esse sentimento com uma intervenção quando os habitantes completam 18 anos. Lena, 17, está quase perto da sua, e sente-se segura por sua “cura” estar próxima. Só que o aparecimento de um jovem, Alex, mexe com o coração da jovem. Isso é terminantemente proibido, é amor, um sentimento que não deve mais existir. O garoto misterioso vai ajudar Lena a descobrir que o governo esconde muito, e assim descobrirá que seu passado tem muito mais a mostrar do que se imagina.

Minha saga com Delírio é mais maçante do que vocês imaginam. Comecei a leitura desse livro em novembro de 2012 e só terminei agora. Calma, eu não demorei tantos meses para lê-lo (risos). Acontece que comecei a leitura e adoeci e pronto, larguei de vez. Com o lançamento de Pandemônio decidi que iria chegar ao final do primeiro livro e assim continuar com a série. Me enganei. Meu desânimo só aumentou após o término da história.

Não sou fã de distopias, mas mesmo assim insisto em ler esse gênero. O que me incomodou profundamente em Delírio foi a narrativa e os rumos da história. O tema é promissor: amor. Porém, Lauren Oliver tentou enfeitar tanto o livro, que o que primeiramente podia ser uma distopia se tornou apenas um romance.

A narrativa é como uma montanha-russa. Em alguns momentos pensei que o livro ia alavancar e se tornar emocionante, mas com o mesmo ritmo que subiu, desceu. A autora não poupou detalhes mínimos desnecessários como uma bexiga murcha pendurada na árvore, um peixe nadando, uma mosquinha na janela e por ai vai. Não gostei disso, pois o gênero do livro merecia mais ação, reação e aventura da parte dos personagens.

O final não foi dos melhores. Ocorreu a ação esperada, mas não me satisfez. Felizmente, a protagonista não é de todo mal. Ela tem seus embates internos em relação a Alex, sua família e sua melhor amiga, Hana, mas não deixou a desejar. Notei até um progresso em sua personalidade, e no final do livro a Lena do começo já não existia mais.

Título: Delírio

Autora: Lauren Oliver

Páginas: 342

Editora: Intrínseca

Avaliação: Bom

Resenha ao som de: Cut, Plumb