Sem Roteiro: Classificação indicativa

Para que um filme chegue aos cinemas e às locadoras ele precisa primeiro receber uma classificação indicativa do Estado brasileiro que indicará a qual público ele deve ser destinado.  Jogos de videogame e programas de tevê também se enquadram nesse quesito. Essa classificação vai de "livre" passando entre 10,12,14,16 e 18 anos. Quem faz esse processo de separar o conteúdo por determinadas idades é o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação (Dejus) do Ministério de Justiça. Essa determinação não engloba  literatura e afins. Vocês já pararam para pensar um pouco o que aconteceria se houvesse classificação indicativa nos livros?

Um livro que pode exemplificar facilmente isso é Cinquenta Tons de Cinza, Editora Intrínseca. Se existisse uma classificação indicativa na literatura, tal livro não iria ser permitido para menores de dezoito anos, por conter cenas de sexo explicito. Mas o que acontece na realidade? Meninas de treze anos leem o conteúdo dessa obra. Mas ai vocês pensam: ninguém tá vendo nada, e sim lendo. Ok, mas a imaginação faz milagres, não? Essa série de livros foi inspirada em Crepúsculo, que fez sucesso entre as adolescentes há alguns anos. Porém, E.L teve uma forma muito mais abusiva e explicita, sexualmente falando, para criar um diálogo com suas leitoras do que Stephenie Meyer. 

Não se enganem achando que só livros eróticos poderiam ser enquadrados nisso. O Grupo Editoral Record teve uma ótima iniciativa - mesmo que só uma vez - de classificar um dos livros do catálogo para certa idade. The Walking Dead, A ascensão do governador vem com um aviso claro no verso: não recomendado para menores de dezoito anos. O conteúdo da história com certeza não deve ser dos mais leves. 

Outra editora que causou polêmica a não enviar um dos seus livros de cortesia para parceiros menos de dezoito anos foi a Novo Conceito. Belle é um livro extremamente delicado. Sem pudor, Lesley Pearse usou uma menina de dezesseis anos para protagonizar cenas de sexo em um bordel como uma prostituta. Vale ressaltar que a história passou muito longe do mau gosto, mas sexo é sexo, independentemente das suas formas tratadas. A Londres de 1910, onde se passa a trama, era um antro de várias casas de prostituição na época, ou seja, drogas, brigas e outros assuntos estavam mais que presentes naquelas 560 páginas. 

Não que a ditadura e a censura devam voltar, longe disso. Mas se essa determinação existe em filmes e jogos de videogame, com certeza porque tais meios de entretenimento possam vir a influenciar jovens de alguma maneira, por que não nos livros? Claro que ninguém é obrigado a deixar de ler nada por conta disso, mas ao menos já irá ter ideia do que as páginas podem reservar.

Como funciona?

A classificação é feita por profissionais do Dejus. Lá existe uma gama de profissionais que  são formados em ensino superior e concursados pelo Ministério da Justiça. São divididos em grupos, no qual alguns são responsáveis por assistir aos filmes e classificá-los e outros pelos jogos de multimídia. Todo material que chega lá é analisado e separado de acordo com seu conteúdo: sexo, drogas, abuso sexual, violência, etc. Há divergências, e nesses casos, há uma ampliação da discussão até ter o veredito final.

E vocês, o que acham da classificação indicativa? Recomendariam isso nos livros?