Resenha: Cruzando O Caminho do Sol


Título: Cruzando O Caminho do Sol
Autor: Corban Addison
Páginas: 449
Editora: Novo Conceito
Avaliação: 4/5
Sinopse: Sita e Ahalya são duas adolescentes de classe média alta que vivem na Índia. Suas vidas mudam completamente quando um tsunami destrói a costa leste de seu país, levando com suas ondas a vida dos pais e da avó das meninas. Sozinhas, elas tentam encontrar um modo de recomeçar a vida. Mas elas não devem confiar em qualquer um... Enquanto isso, do outro lado do mundo, em Washington, D. C., o advogado Thomas Clarke enfrenta uma crise em sua vida pessoal e profissional e decide mudar radicalmente: viaja à Índia para trabalhar em uma ONG que denuncia o tráfico de pessoas e tenta reatar com sua esposa, que o abandonou. Suas vidas se cruzarão em um cenário exótico, envolto por uma terrível rede internacional de criminosos. 

Cruzando O Caminho do Sol é o primeiro romance do autor Corban Addison. Em sua estreia, Corban traz a temática do tráfico de pessoas em um mundo moderno. O livro é tocante, encantador e triste em diversos momentos.

O livro começa com a história de Ahalya e Sita que são duas irmãs indianas. Depois de uma tragédia que atinge a elas e sua família as duas se veem sozinhas, e é a partir daí que a história de dor, sofrimento, muitas lágrimas e determinação começa. Além das duas irmãs, temos outro personagem principal: Thomas. Ele é um advogado americano, que por uma força do destino irá cruzar o oceano até a Índia e entrelaçar sua história de vida com a das duas irmãs.

Tratando-se de uma estreia, eu gostei bastante do livro. Um aspecto que é um ponto fraco a meu ver é contrapor duas histórias. Uma coisa acontece: ou o leitor se identifica com as duas, ou com uma. No meu caso eu apenas me identifiquei com a história das irmãs, e quando os capítulos destinados a Thomas chegavam eu torcia para acabarem logo. E eram nesses capítulos, nos diálogos com seu pai que eu odiei uma colocação do autor. Nos diálogos com seu pai, ao invés de usar a palavra “pai” o autor empregou “juiz” (o pai de Thomas era um juiz). Não sei o que ele quis passar, se quis. Mas me senti incomodado com o termo “juiz” em todos os diálogos. Corban é advogado, além de escritor. Se ele quis mostrar alguma intelectualidade com isso, para mim não funcionou.

A cultura indiana é belíssima em vários pontos. Enquanto eu lia, anotava todos os nomes diferentes para pesquisar no santo Google. A história e recheada, sem moderação, de nomes desconhecidos por nós, o que não dificulta a leitura.

Sita e Ahalya vivem uma jornada muito triste. Eu no começo do livro vi a Sita como personagem secundária e tudo girava em torno da sua irmã. Porém, de uma hora para outra a história da uma reviravolta enorme e toma novos rumos. São 450 páginas dividias em 4 partes.

Eu gosto de comparar e acho isso inevitável. Em setembro desse ano, li Belle, que é um livro perfeito (meu favorito do ano). O mesmo tema é abordado em ambos os livros, mas Belle foi superior para mim. Não senti o mesmo lendo Cruzando O Caminho do Sol. Creio que Corban pode melhorar como autor e na criação dos personagens. Em épocas, ou melhor, em um século de distância entre uma história e outra, eu senti que as duas irmãs foram muito mais inocentes do que Belle, que estava em 1910.

Sim, eu gostei do livro (risos). A leitura demorou uma semana inteira, mas foi gratificante. É triste, mas ao mesmo tempo ensina para quem lê vários valores humanos. Chega a ser deprimente e revoltante ver que muitas pessoas passam por isso em pleno século XXI e que a possibilidade desse contrabando de pessoas nunca acabar é quase nula. Fiquei pensando tanto no assunto que fui ao Google pesquisar, e descobri que isso é mais comum do que imaginava.

Eu recomendo muito a leitura, apesar de alguns momentos ela ficar meio chata por causa desse intelecto do autor e todas as folhas falando sobre assuntos voltados para pessoas do meio jurídico, o que não é o meu caso. Leiam, porque com certeza vocês terão uma experiência incrível e uma viagem emocionante ao submundo da prostituição moderna em um país tão singular como a Índia.

Observação: Conheci o autor na Bienal do Livro de São Paulo em 2012. Ele é muito simpático e respondeu todo mundo com um carinho enorme. Pena que eu não comprei o livro no dia, assim não pude receber um autógrafo.
Não deixem de comentar a resenha e deixar o link do blog de vocês para que eu os visite também. Até a próxima.


Um comentário:

  1. Esse foi um dos melhores livros do ano. Mesmo sendo uma estreia, o autor fez um belíssimo trabalho. E eu acredito que o fato de ele usar o termo "juiz" ao invés de "pai", foi para mostrar que as pessoas dessa área tem uma ligação afetiva reduzida, já que, para ser bem sucedido tem que colocar o trabalho em primeiro lugar. E como advogado, Corban sabia o que estava dizendo.
    O livro é incrível, eu adorei! :D
    Abraço

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